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São Paulo, domingo, 08 de novembro de 2009
 
Proibido para mulheres
Não há executivas na presidência das cem maiores empresas do país.
Machismo e preocupação com a família são alguns dos problemas que impedem as mulheres de obter um cargo mais alto, dizem estudiosos
Caio Guatelli/Folha Imagem
 
Luciana Medeiros von Adamek, diretora da área de consultoria da Pricewaterhouse Coopers e coordenadora do IbefMulher, diz que agora as mulheres estão subindo mais alto no setor financeiro
 
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

As cem maiores empresas do Brasil ostentam números impressionantes: US$ 552 bilhões em vendas, US$ 30 bilhões de lucro, 1,236 milhão de funcionários em 2008. E nenhuma mulher na presidência, segundo levantamento da Folha realizado a partir dos cálculos da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) para o anuário "Melhores & Maiores", da revista "Exame".
Nos EUA, entre as cem maiores companhias pelo ranking da revista "Fortune", há seis mulheres na presidência.
Como entraram no mercado de trabalho mais tarde do que os homens e há apenas cerca de 20 anos ingressaram na vida executiva, é natural que levem ainda um certo tempo para alcançar o topo da carreira, de acordo com os especialistas. Mas outras questões culturais explicam uma diferença tão gritante de mobilidade profissional entre os sexos no Brasil.
O primeiro freio à ascensão das mulheres nas grandes corporações é o machismo. Antes, a ideia por trás do prejulgamento era a de que elas possuíam conhecimento técnico inferior ao dos homens. Entretanto, seu desempenho acadêmico já não dá brecha a esse pensamento: na graduação, elas costumam até levar vantagem porque amadurecem mais rapidamente; na pós, apresentam resultados tão bons quanto os dos seus colegas.
Outra alegação para que sejam preteridas nas promoções aos cargos mais altos na hierarquia é o temor de que não consigam suportar a pressão, a qual só faz aumentar conforme se avança na escalada.
No meio do caminho, problemas políticos atrapalham. "Existem conflitos éticos -os que dizem respeito à corrupção, por exemplo- que as mulheres têm menos estômago para administrar", diz Ana Cristina Limongi França, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho da FIA (Fundação Instituto de Administração).
Conforme os anos passam, as questões pessoais também começam a pesar, porque a responsabilidade de cuidar da família recai sobre elas. É preciso tomar decisões sobre a maternidade e pensar nos pais, que estão envelhecendo.
"Aí entra a questão fundamental da escolha da mulher", afirma Carmem Migueles, professora de sociologia das organizações da Fundação Dom Cabral. "As posições de diretoria e presidência são pesadas, acabam exigindo um grande sacrifício da qualidade de vida. Então, a executiva decide que não vai entrar nesse jogo maluco de tudo ou nada por causa de um posto. Não quer se matar para trabalhar."
Para a professora, "os homens se deixam seduzir por essas coisas, acabam com a sua vida, e, depois, sentem as consequências: sofrem de problemas de estômago, enxaqueca, pressão alta. Para quê? E, quando estão perto de se aposentar, ainda sentem um vazio, pois o cargo é quase a sua identidade, enquanto as mulheres desenvolvem outras facetas e possibilidades. Elas não querem chegar aos 60 anos presidentes de empresas mas com seus relacionamentos -com o marido e os filhos- falidos, porque percebem que não vale a pena".

TalentosAo contrário do que o preconceito induz a pensar, ter múltiplas funções -mãe, filha, mulher, dona de casa- não atrapalha a atuação profissional feminina, ressaltam os estudiosos. Essa versatilidade é transportada para o local de trabalho, daí a sua facilidade em executar muitas tarefas ao mesmo tempo. Adicionalmente, lhes confere um perfil conciliador de liderança, que as faz administrar as equipes sempre tendo em vista os interesses de todos os envolvidos.
Para José Tolovi Junior, CEO global da consultoria Great Place to Work Institute, "a percepção de que a diversidade é positiva para os negócios" vai estimular as empresas a receberem melhor as mulheres em todos os níveis.
"Elas têm um outro tipo de inteligência, e, quanto maior o leque de opiniões sobre determinado problema, maior a chance de encontrar a resposta adequada", destaca.
Regina Madalozzo, professora do Insper, se diz otimista com as perspectivas. "Não podemos imaginar uma mudança radical no topo da hierarquia em cinco anos, pois uma transformação cultural é demorada. Grande parte da responsabilidade por essa mudança está nas mãos das próprias mulheres."

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